Resenha: Aristóteles & Dante descobrem os Segredos do Universo
Dirigido e co-escrito por Aitch Alberto e produzido por Lin-Manuel Miranda, "Aristóteles & Dante descobrem Os Segredos do Universo" — baseado num dos melhores livros atuais de romance juvenil com temática LGBTQIA+, publicado em 2012 e escrito pelo autor americano Benjamin Alire Sáens — ganhou uma adaptação honesta e cativante que, à primeira vista, pode não ter me envolvido como eu esperava, mas é realmente tão bom quanto o livro.
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Foto: Reprodução |
Apesar de suas diferenças, é justamente essa disparidade que aproxima os dois, dando início a um processo de autoconhecimento para ambos. A amizade entre eles se torna um catalisador para a descoberta de suas identidades e para a compreensão do mundo ao seu redor.
A produção foi muito caprichada ao reproduzir a década de oitenta. O figurino elaborado pela Donna Lisa é tão gracioso e jovem quanto o casal protagonista. A trilha sonora da Isabella Summers (responsável pelas trilhas de "Lisa Frankenstein" e "Branca de Neve e o Caçador") assim como a fotografia do Akis Konstantakopoulos, contribuem positivamente pra a atmosfera do verão e do romance.
Embora os atores Max Pelayo e o estreante Reese Gonzales tenham se destacado com suas atuações, algumas decisões tomadas no roteiro ou talvez na direção, em minha opinião, afetaram o ritmo e a dinâmica entre os personagens. A rebeldia juvenil de Aristóteles, embora compreensível, o torna um personagem inicialmente inacessível.
Dante, que é o único ponto de conexão de Aristóteles com o mundo exterior, passa uma boa parte do filme longe. Isso resulta em momentos dramáticos que, apesar de bem executados, não conseguem provocar a emoção desejada. Apesar disso, esses aparentes deslizes no roteiro podem ser entendidos pelas próprias situações que os personagens enfrentam.
O despertar do inconsciente romântico entre os dois é muito rápido, mas o caos emocional que Aristóteles enfrenta, devido a turbulência da adolescência junto com o drama familiar envolvendo seu irmão presidiário Bernardo, atrasa desenvolvimento do romance.
Uma das sequências que mais aprecio é quando cada um visita a casa do outro. Enquanto o quarto de Ari é minimalista, com apenas a cama, cabeceira, guarda-roupa e espelho, o quarto de Dante é uma miscelânea de objetos variados e coloridos. Esta representação expressa bem a personalidade ou o momento da vida de cada um deles.
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Foto: Reprodução |
Elogiado pela crítica especializada, o filme, na minha perspectiva, é uma produção agradável e bem realizada, com uma trilha sonora cativante e um elenco excepcional. No entanto, mesmo com suas qualidades incontestáveis, não conseguiu evocar em mim as mesmas emoções que o livro. Contudo, após uma segunda vez, meu envolvimento com filme aumentou significativamente.
O filme aborda dilemas sobre identidade, cultura, sexualidade, transfobia e homofobia, entre outros temas que naturalmente despertam atenção e empatia. Diante disso, especialmente para aqueles que não leram o livro ou não tinham expectativas, é fácil entender por que Aristóteles e Dante conquistaram o coração de tantos espectadores ao redor do mundo. Eles simplesmente merecem o mundo.
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