Resenha: Vermelho, Branco & Sangue Azul

Baseado no livro best-seller da autora Casey McQuiston lançado em 2019, o filme “Vermelho, Branco e Sangue Azul” apresenta o romance entre o filho da presidenta dos Estados Unidos com o príncipe da Inglaterra, num formato clássico de comédia romântica.

Foto: Reprodução

Dirigido pelo dramaturgo, roteirista e diretor americano Matthew López, o enredo de "Red White & Royal Blue" se desenvolve a partir de uma briga e baita bagunça provocada pelo Alex (Taylor Zakhar Perez), filho da presidenta, com o príncipe Henry (Nicholas Galitzine), na festa de casamento do irmão mais velho do príncipe.
Após a gigante torta de "climão", eles são obrigados a convencer todo o mundo de que são melhores amigos para não pôr em risco a imagem da Presidenta dos EUA, que está em época de eleição, e a Família Real britânica, que evita escândalos a qualquer custo, como sempre. E é nesse faz-de-conta que o "Era uma vez..." acontece.

Faz parte do elenco de destaque a Uma Thurman, interpretando a mãe do Alex e Presidenta dos EUA, a ótima Rachel Hilson que toma para si qualquer cena que apareça, interpretando a melhor amiga de Alex, chamada Norah, a Sarah Shahi interpretando a assistente presidencial Zahra Bankston, o Clifton Collins Jr. interpretando Oscar, o pai do Alex, e Stephen Fry como Rei James III.

Para além da ênfase romântica que os roteiristas deram ao filme, vale a pena destacar a autodescoberta que o Alex vive sobre a sua bissexualidade. Esse contexto gera dois momentos que, a meu ver, estão entre os melhores do filme; quando ele conversa com sua amiga Norah sobre o primeiro beijo com Henry e quando ele "sai do armário" numa conversa com a mãe.
Muitos elementos em torno deles, como a trama política por exemplo, ficaram de fora da adaptação. Então, pra quem fez a leitura recente ou ama muito o livro, irá notar as diferenças e talvez se decepcione um pouco, mas a entrega e química dos atores é esfuziante. Não é à toa que foram escolhidos para interpretarem o casal protagonista.

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A estratégia criativa de divulgação que o Prime Vídeo fez em torno de “Vermelho, Branco e Sangue Azul” me dispersou do fato de esse é um filme feito com orçamento limitado. Então, há um uso desnecessário de telas verdes para gerarem cenários feitos em computação gráfica na pós-produção que deixaram à desejar. Nesse sentido, a produção não é polida, tal como se fosse um Especial de baixo orçamento feito para TV.
No entanto, esses deslizes, são ofuscados pelo romance e por quem vive esse romance. Os atores Taylor Perez e Nicholas Galitzine estão muito à vontade e irresistíveis em seus papéis. Existe um apelo mais atrevido quanto a interação do casal, elevando a sensualidade da história e destacando também o humor.
Se não me falha a memória, esse é o primeiro filme de romance gay que funciona como um legítimo conto de fadas moderno, como aconteceu em “Roman Holiday”, dirigido por William Wyler com Audrey Hepburn e Gregory Peck, em 1953.

Com a aclamação da crítica e do público, o Prime revelou algumas cenas excluídas e imagino que se fossem inseridas no filme, certamente o andamento da história ficaria melhor calibrado. Em toda produção sempre há medo quanto a duração, mas, a meu ver, isso perde mais o sentido quando se trata de streaming. A construção da relação entre Alex e Henry é mais rápida do que eu gostaria. Inclusive, a sensação que tem é o que o filme é muito mais curto do que é. Sinto ainda que pode existir um relançamento no formato de série ou uma versão estendida, além de uma continuação.

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O que começa com brigas, termina num contos de fadas. "Vermelho, Branco & Sangue Azul" é o filme mais assistido na plataforma do Prime Vídeo, um sucesso absoluto em todo mundo, alcançando o #1 em vários países, e o melhor disso tudo é que esse fenômeno abriu precedentes para que estúdios ou streamings notem, criem e apresentem mais produções LGBTQIA+. O Prime já percebeu isso e continua se destacando com a adição de outros filmes queers, como "Bottoms", "Cassandro" e "Saltburn". Nesse sentido, pelo menos, independente do evidente interesse econômico das indústrias, como os estúdios de cinema e plataformas de streaming por exemplo, a comunidade LGBTQIA+ sempre se sairá vitoriosa.

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