Resenha: Monster

Dirigido por Kore-eda Hirokazu e com roteiro de Yûji Sakamoto, "Monster" é aquele tipo de filme que quanto menos se sabe sobre ele, maior é o impacto que causa. No entanto, mesmo que você tenha alguma ideia do que esperar, isso não diminui em nada a beleza e a força dessa história.
O filme é montado em um formato narrativo que considero ser um dos mais desafiadores, mas também um dos mais belos: O de contar a mesma história a partir de diferentes perspectivas.

O primeiro ato retrata o cotidiano de Saori (Sakura Andô) e seu filho Minato (Soya Kurokawa). Dia após dia, Minato começa a alterar seu comportamento, tornando-se mais silencioso e irritadiço. Diante disso, Saori vai à escola de Minato e fica chocada com a reação inadequada da diretora e do corpo docente frente à suposta agressão que Minato sofreu por parte do professor Hori (Eita Nagayama).
No segundo ato, temos um vislumbre da história do professor Hori, e no terceiro, ocorre a convergência dos três arcos narrativos, revelando a relação de Minato com Yori (Hinata Hiiragi), um outro aluno gentil, doce e bondoso que é constantemente atacado por outros alunos.
Através dessa conexão, eles embarcam em uma jornada de autoconhecimento, descobrindo também o significado que cada um tem para o outro. As escolhas dos atores Sayo Kurokawa e Hinata Hiiragi para interpretarem seus respectivos papéis foram iluminadas.

Foto: Reprodução

A história me cativou dos pés à cabeça. Carregado por uma atmosfera dramática e cheia de suspense (que me deixaram um pouco tenso em alguns momentos, mas sempre envolvido pela curiosidade em relação ao quebra-cabeças), o filme ainda conta com a encantadora trilha sonora do compositor japonês, vencedor do Oscar de Melhor Trilha sonora em 1988 por "O Último Imperador", Ryuichi Sakamoto.
Em geral, a violência no ambiente escolar acontece de fora para dentro, o que a torna mais complexa e tão perigosa quanto qualquer outra forma de violência, e com o agravante de ser sustentada pela postura política e social do Japão, que é ainda muito conservadora e intolerante em relação à diversidade sexual.
"Monster" aborda esses temas de maneira extremamente refinada, realista e delicada, o que torna essa obra ainda mais digna de todo o prestígio e atenção que receber.

Foto: Reprodução

Por mais que eu evite qualquer pista sobre as produções em geral, não há como falar desse filme sem mencionar o encanto e a poesia que o desfecho nos presenteia. Foram dias com esse momento ressoando no peito e com um gosto de liberdade estalando na boca. Uma obra-prima.

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