Resenha: Bottoms
"Clube de Luta para Meninas" (Bottoms, Estados Unidos, 2023) é o tipo de produção que leva à sério a ideia de não levar à sério. Dirigido pela Emma Seligman e co-roteirizado com a atriz Rachel Sennott, o enredo apresenta duas amigas azaradas, PJ (Rachel Sennott) e Josie (Ayo Edebiri), vivendo o último ano do ensino médio.
Para se aproximarem das líderes de torcida, Brittany (Kaia Gerber) e Isabel (Havana Rose Liu), por quem as duas são apaixonadas, elas decidem criar um clube de luta, na escola.
O jocoso roteiro é carregado de uma plena noção dos clichês nonsenses das comédias norte-americanas, especialmente sobre essa fase da adolescência e do high school.
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Foto: Reprodução |
O elenco inteiro está radiante. A atriz Rachel Sennott, que trabalhou com a diretora Emma Seligman em "Shiva Baby" de 2020, tem muita presença, e a Ayo Edebiri, a meu ver, é o grande destaque ao lado do ator Nicolas Galitzine, que interpreta o bonitinho, mas ordinário namorado de Isabel, Jeff.
A Ayo tem o timing pra comédia. Sua personagem é uma das poucas que tem um certo brio, ou, pelo menos, um bom senso, mas que não a protege da bagunça em que se mete. O Nicolas também entrega um trabalho divertidíssimo. Ele se joga e se solta no absurdo ao interpretar o jogador de futebol americano mimado, fresco e egocêntrico. Ambos estão em excelentes momentos da carreira.
Embora eu tenha escrito sobre não levar muito a sério, para se divertir em "Bottoms" é preciso vestir o uniforme e entrar em campo. Um exemplo que pontua o humor do filme é a cena em que todos entram na sala de aula e, minutos depois, a aula termina. Nesse momento, o personagem PJ questiona essa situação, criando uma metalinguagem pura e cômica. E, claro, não posso deixar de mencionar o clímax absurdo e sangrento, estilo Game of Thrones.
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Foto: Reprodução |
Disponível no Prime Video, "Bottoms" é uma verdadeira sátira sobre o universo estudantil, retratado repetidamente em outras produções do mesmo gênero. O que torna o roteiro ainda mais especial é a sua originalidade, criatividade e o tom pastelão. Não há motivo para vergonha; pelo contrário, é a autoconsciência do absurdo que confere a genialidade ao filme além do protagonismo lésbico longe do drama e mergulhado no escracho. São elas que marcam o touchdown dessa vez.
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