Resenha: Young Soul Rebels
Vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Cannes em 1991, "Young Soul Rebels" me surpreendeu de maneira muito significativa. Com o passar do tempo, a obra parece ter sido esquecida não só pelo público, mas pela indústria, o que, consequentemente, a invisibilizou. E por essa razão, levei tempo para dar a atenção merecida.
Quando assisto a filmes LGBTQIA+, especialmente os mais antigos, costumo me preparar para desfechos trágicos, principalmente quando desconheço o roteiro ou estilo. Felizmente, este não é esse o caso com "Young Soul Rebels", o que torna a experiência ainda melhor.
Dirigido pelo britânico Isaac Julien (reponsável pela direção de “Looking for Langston”), e co-escrito com Paul Hallam (que também co-escreveu o drama gay “Nighthawks” de 1978), o filme se desenrola em Londres, Inglaterra, durante o período do Jubileu de Prata da Rainha Elizabeth II, no final dos anos setenta, uma época marcada por forte segregação racial e cultural no país.
![]() |
Foto: Reprodução |
Em uma noite fatídica, TJ, um amigo próximo de Chris e Caz, é brutalmente assassinado enquanto namorava secretamente no parque. Profundamente abalado com o ocorrido, Chris descobre uma fita cassete que registrou o crime, graças ao aparelho de som que TJ possuía no momento do incidente. Esta descoberta acaba gerando conflitos entre Chris e a polícia, cuja abordagem é claramente marcada por racismo e homofobia.
O enredo se expande para além desta investigação, explorando os dilemas pessoais dos dois amigos. Chris busca uma oportunidade em uma grande estação de rádio local com a ajuda de seu interesse amoroso, Tracy (interpretada por Sophie Okonedo), enquanto Caz inicia um relacionamento com Billibud (interpretado por Jason Durr), um jovem punk e socialista.
![]() |
Foto: Reprodução |
Lançado em 1991, o visual e a narrativa, especialmente o desfecho, de "Young Soul Rebels" tem uns exageros novelísticos, típicos dos anos oitenta e noventa, mas a meu ver, imprimem um charme divertidíssimo e evocam uma simplicidade que sinto muita falta.
Os atores Valentine Nonyela, Mo Sesay e Jason Durr são extremamente carismáticos e desempenham seus papéis com maestria. Embora não tenham uma filmografia extensa e popular, marcaram presença em diversas séries de TV. Por outro lado, Sophie Okonedo, que também atua no filme, já participou de produções cinematográficas de destaque, como “Christopher Robin”, “A Vida Secreta das Abelhas” e “Hotel Rwanda”.
Em comparação com outros filmes LGBTQIA+ protagonizados por pessoas brancas, as produções que apresentam protagonismo negro e abordam a realidade dessa comunidade são menos difundidas e reconhecidas. Portanto, não apenas por ser um excelente filme, mas também pela importância de resgatar e valorizar essa obra, “Young Soul Rebels” se torna ainda mais relevante.
Disponível atualmente no serviço de streaming brasileiro FILMICCA, “Young Soul Rebels” foi recentemente restaurado em 2K pelo BFI National Archive e exibido no NewFest35 em outubro de 2023.
Comentários
Postar um comentário