Resenha: Você Não Está Sozinho

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No cinema, streaming e TV, é recorrente o número de produções que abordem os dilemas da adolescência, mas, ao olhar para o passado, podemos encontrar alguns exemplos que seriam quase impossíveis de reproduzir atualmente. É o caso de "Você Não Está Sozinho" (Du er ikke alene, Dinamarca, 1978) dirigido por Ernst Johansen e o Lasse Nielsen, que co-roteirizou com Bent Petersen.

O enredo mostra a rotina de um grupo de estudantes em uma escola católica complementar. Os personagens principais da trama são Kim (Peter Bjerg), o filho do diretor, e Bo (Andres Agenso), porém, todos os alunos têm seus momentos de destaque. Há o estudante mais politizado, o romântico, o bagunceiro, o rebelde, heterossexuais e homossexuais, todos eles se provocam, se amam e se defendem mutuamente. Distante de suas famílias, o grupo forma uma verdadeira aliança e tentam aproveitar o tempo da melhor maneira possível.

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A trilha sonora, com algumas canções do cantor e compositor Sebastian, é um convite à contemplação. Para alguns, a escola pode parecer insuportável, mas em muitos momentos parece uma vida idílica, quase completamente distante da realidade atual. Digo "quase" porque, apesar de ser uma produção antiga, os dilemas apresentados são atemporais.

Os momentos compartilhados entre Kim e Bo se destacam, não apenas pela homossexualidade, mas também pela ternura e naturalidade com que são retratados. No entanto, existem algumas ações e diálogos de teor sexual, bem como cenas de nudez e intimidade, que levaram à censura nos Estados Unidos. Infelizmente, esse tipo de exposição ainda gera controvérsias.
A obra inspira a reflexão de como deveríamos ouvir e aprender mais com esses adolescentes. Apesar da pouca idade (frequentemente atribuída à falta de razão), eles têm muito a dizer.
Num determinado momento, eles reivindicam a permanecia de um deles na escola e assim, levantam a questão: A escola deve ser o lugar de expulsão? É realmente desse jeito que se resolve o problema?

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Marcado também pelo humor, a adaptação cênica dos Dez Mandamentos, encomendada pelo diretor e apresentada pelos alunos de maneira subversiva, deve ter causado, de fato, um apocalipse na mente dos docentes e dos familiares homofóbicos presentes. Para mim, foi um encanto revolucionário e libertador. Nesse confronto com o mundo e os seus dogmas, felizmente, são os garotos que se saem vitoriosos.

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